Vemos beleza num sorriso de criança
Vemos beleza no correr de lágrimas no rosto de criança
Mas descobrimos com enorme angústia
A tristeza no vosso olhar de esperança
Desmoronou-se a beleza que sentíamos e ficámos desfeitos por dentro quando sorrimos para vós.
Ficamos dispostos a acreditar em tudo
Em todos os Deuses
Em bruxos
Em milagres.
Agarramo-nos a isso como escolho de madeira
Na tempestade em que naufragamos.
E lentamente, muito lentamente, vamos segurando
O madeiro com menos força e hesitamos…
Procuramos rumo…
Buscamos uma rota…
E decidimos que o caminho certo é deixar a bóia
E lentamente, afundarmo-nos.
O caminho certo era viajar convosco para podermos ficar a contemplar os vossos olhos, o vosso ténue sorriso.
Cobardemente com o medo, que gera o terror, começamos a nadar para porto de abrigo.
Ficamos vivos
Ficamos sós
Com enorme vergonha do que somos.
Releio o que escrevi e vejo crisálidas à minha volta, lindas brilhando como sóis a cumprir a sua etapa de metamorfose.
E penso que belas como vós, têm o determinismo de viver vinte e quatro horas. É uma lei biológica.
Nós temos a nossa, e ver-vos, é sentir a dor, a enorme tristeza.
Não vos esqueço mas tenho uma necessidade enorme
De um sorriso
De uns olhos
De uma graça.
Vamo-nos unir pela vida das nossas crianças que são elas a continuidade da vida.
Ramalho, António Costa
Santa Clara - Coimbra